São Paulo — O litoral paulista tem 137 praias com bandeira verde, que sinaliza água própria para banho. Por outro lado, outras 38 estão com bandeira vermelha e devem ser evitadas por quem deseja se refrescar neste primeiro fim de semana de 2025, em São Paulo. A amostras divulgadas na quinta-feira (2/1) são as mais atuais e foram coletadas ao longo de dezembro, até o último dia 29, portanto, antes do Réveillon, período com a maior aglomeração de turistas.
O governo estadual tem recomendado que as pessoas não entrem em locais impróprios para banho, diante da proliferação de casos de virose em cidades do litoral paulista.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) coleta amostras em 175 pontos. Pelo último levantamento, 21,7% devem ser evitados pelos banhistas. O próximo resultado será divulgado no dia 9.
O destaque negativo ficou por conta de Santos, única cidade do litoral paulista que tem todas as suas praias com bandeira vermelha, segundo avaliação da Cetesb, divulgada na última quinta. O resultado frustra a expectativa de boa balneabilidade, diante dos resultados de 2024 terem sido melhores do que aqueles obtidos pela cidade no ano anterior.
Mesmo o fato de uma praia ser considerada própria para banho, com bandeira verde, não significa que está totalmente livre de coliformes fecais, Escherichia coli e enterococos. O resultado é baseado na densidade de bactérias ao longo de cinco semanas consecutivas e existe uma tolerância. Fora isso, a concentração pode ser até superior ao limite estabelecido em uma dessas coletas (20%) que a praia seguirá como apropriada.
Entretanto, a praia pode “tomar” uma bandeira vermelha direta se forem encontradas mais de 400 unidades formadoras de colônia (UFC) de enterococos por 100 ml na última das cinco amostragens.
Os critérios foram determinados, em 2000, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e adotados a partir de janeiro de 2001.
A balneabilidade das praias é afetada não apenas pela coleta ou não de esgoto, como também pela poluição difusa, que é a sujeira das ruas levada até córregos — e depois para o mar — nos dias mais chuvosos. Por isso, autoridades de saúde recomendam que se evite o mergulho até 24 horas após uma chuva.
Veja quais praias estão próprias para banho, segundo análise divulgada na última quinta (2/1) pela Cetesb:
- Bertioga – Boracéia (Col. Marista)
- Bertioga – Boracéia (Sul)
- Bertioga – Enseada (Colônia Sesc)
- Bertioga – Enseada (Indaiá)
- Bertioga – Enseada (R. Costabili)
- Bertioga – Enseada (Vista Linda)
- Bertioga – Guaratuba
- Bertioga – São Lourenço (norte)
- Bertioga – São Lourenço (R. 2)
- Caraguatatuba – Capricórnio
- Caraguatatuba – Centro
- Caraguatatuba – Cocanha
- Caraguatatuba – Indaiá
- Caraguatatuba – Lagoa Azul
- Caraguatatuba – Martin de Sá
- Caraguatatuba – Massaguaçu (R. M. Carlota)
- Caraguatatuba – Mococa
- Caraguatatuba – Palmeiras
- Caraguatatuba – Pan Brasil
- Caraguatatuba – Porto Novo
- Caraguatatuba – Tabatinga (Cond. Gaivotas)
- Caraguatatuba – Tabatinga (R. Tabatinga)
- Cubatão – Rio Perequê
- Guarujá – Astúrias
- Guarujá – Enseada (Av. Atlântica)
- Guarujá – Enseada (Est. de Pernambuco)
- Guarujá – Enseada (R. Chile)
- Guarujá – Guaiúba
- Guarujá – Iporanga
- Guarujá – Pernambuco
- Guarujá – Pitangueiras (Av. Puglisi)
- Guarujá – Pitangueiras (R. S. Valadão)
- Guarujá – Tombo
- Iguape – Jureia
- Ilha Comprida – Balneário Adriana
- Ilha Comprida – Centro
- Ilha Comprida – Pontal
- Ilha Comprida – Prainha (Balsa)
- Ilhabela – Armação
- Ilhabela – Barreiros Norte
- Ilhabela – Barreiros Sul
- Ilhabela – Curral
- Ilhabela – Engenho D’Água
- Ilhabela – Grande
- Ilhabela – Ilha das Cabras
- Ilhabela – Perequê
- Ilhabela – Pinto
- Ilhabela – Saco da Capela
- Ilhabela – Sino
- Ilhabela – Siriúba
- Ilhabela – Veloso
- Ilhabela – Viana
- Itanhaém – Balneário Gaivota
- Itanhaém – Campos Elíseos
- Itanhaém – Centro
- Itanhaém – Estância Balneária
- Itanhaém – Jardim Cibratel
- Itanhaém – Jardim São Fernando
- Itanhaém – Parque Balneário
- Itanhaém – Praia dos Pescadores
- Itanhaém – Suarão
- Itanhaém – Suarão (Afpesp)
- Mongaguá – Agenor de Campos
- Mongaguá – Flórida Mirim
- Mongaguá – Itaóca
- Mongaguá – Itapoã (Vila S.Paulo)
- Peruíbe – Av. S. João
- Peruíbe – Bal. S. J. Batista)
- Peruíbe – Guaraú
- Peruíbe – Pq. Turístico
- Peruíbe – Prainha
- Peruíbe – R. Icaraíba
- Praia Grande – Boqueirão
- Praia Grande – Canto do Forte
- Praia Grande – Guilhermina
- Praia Grande – Jardim Solemar
- Praia Grande – Ocian
- Praia Grande – Vila Caiçara
- São Sebastião – Baleia
- São Sebastião – Barequeçaba
- São Sebastião – Boiçucanga
- São Sebastião – Boracéia (Norte)
- São Sebastião – Boracéia (R. Cubatão)
- São Sebastião – Camburi
- São Sebastião – Camburizinho
- São Sebastião – Engenho
- São Sebastião – Grande
- São Sebastião – Guaecá
- São Sebastião – Juquehi (R. Cristiana)
- São Sebastião – Juquehi (Trav. S. Faustino)
- São Sebastião – Juréia do Norte
- São Sebastião – Maresias (Praça do Surf)
- São Sebastião – Maresias (Travessa XV)
- São Sebastião – Paúba
- São Sebastião – Prainha
- São Sebastião – Preta
- São Sebastião – Sahí
- São Sebastião – Santiago
- São Sebastião – Toque-Toque Grande
- São Sebastião – Toque-Toque Pequeno
- São Sebastião – Una
- São Vicente – Itararé (Posto 2)
- São Vicente – Praia da Divisa
- São Vicente – Praia da Ilha Porchat
- São Vicente – Prainha (Av. S. Brito)
- Ubatuba – Domingas Dias
- Ubatuba – Dura
- Ubatuba – Enseada
- Ubatuba – Félix
- Ubatuba – Fortaleza
- Ubatuba – Grande
- Ubatuba – Iperoig
- Ubatuba – Itamambuca
- Ubatuba – Lago Prumirim
- Ubatuba – Lagoinha (camping)
- Ubatuba – Lagoinha (R. Engenho Velho)
- Ubatuba – Maranduba
- Ubatuba – Perequê-Açu
- Ubatuba – Perequê-Mirim
- Ubatuba – Picinguaba
- Ubatuba – Praia das Palmas
- Ubatuba – Praia de Fora
- Ubatuba – Praia do Engenho
- Ubatuba – Praia do Presídio
- Ubatuba – Praia do Sapateiro
- Ubatuba – Praia do Sul
- Ubatuba – Prainha do Leste
- Ubatuba – Prumirim
- Ubatuba – Pulso
- Ubatuba – Rio Itamambuca
- Ubatuba – Santa Rita
- Ubatuba – Sapê
- Ubatuba – Sununga
- Ubatuba – Tenório
- Ubatuba – Toninhas
- Ubatuba – Vermelha
- Ubatuba – Vermelha do Norte
O que dizem as prefeituras
A Prefeitura de Santos diz que o principal fator que determina os níveis de balneabilidade é a rede coletora de esgoto, de responsabilidade da Sabesp, com a qual a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade desenvolve várias ações conjuntas. A administração municipal afirma também que a cidade tem 99% de ligação de esgoto e todo o sistema é interligado ao emissário submarino, que despeja o material, após tratamento, a 4,5 km do litoral.
“No entanto, a pasta entende que há uma relação direta entre a balneabilidade e o volume de tratamento de efluentes lançados por todos os emissários submarinos existentes nos demais municípios da Baixada Santista. No caso de Santos, há ainda questões geográficas a serem consideradas, notadamente o fato de praias estarem inseridas em uma baía, com conexão direta com o canal do porto e municípios vizinhos, dos quais sofrem influência direta, principalmente no que se refere às ligações irregulares e/ou clandestinas nestas cidades”, diz, em nota, citando também uma série de ações para melhorar a balneabilidade.
A Prefeitura de Praia Grande diz que há 85,3% de cobertura de rede de esgoto no município e a meta, de acordo com o contrato vigente com a Sabesp, é atingir 95% até 2028. “Obras para melhorar o sistema de saneamento básico e, consequentemente, a balneabilidade das praias seguem sendo realizadas no município.”
A gestão de Praia Grande diz também que, de acordo com relatório da Cetesb, o regime de chuvas acima da média nos últimos meses e ainda a grande concentração de banhistas nos finais de semana e feriados prolongados contribuíram de forma significativa para estes resultados.
A Prefeitura de São Vicente diz que analisa dados apresentados e, a partir disso, elabora estratégias para combater os problemas de poluição no mar. “A Secretaria do Meio Ambiente destaca que a região é estuarina, toda interligada por braços de rio e canais, apresentando considerável concentração de habitações subnormais, indústrias e atividades portuárias, o que dificulta a identificação das fontes de poluição”, diz, em nota.
A administração municipal de São Vicente diz também que “a Sabesp implementa programas destinados a ampliar as conexões de esgoto no município, enquanto as obras nos canais de drenagem desempenham papel crucial na identificação de fontes poluidoras e contribuem para a redução de poluentes descartados de maneira irregular”. No dia 26, duas das seis praias estavam impróprias.
A Prefeitura de Itanhaém diz que tem promovido uma série de ações, entre elas, a expansão da coletiva seletiva. Também afirma que foi assinado contrato com a DesenvolveSP, com um investimento estadual de R$ 2,3 milhões, em projeto de redução de resíduos recicláveis descartados inadequadamente, evitando que cheguem aos rios.
A Prefeitura de Bertioga disse apenas que, segundo a Cetesb, todas as praias do município estão próprias para banho.
As prefeituras de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e Mongaguá não se manifestaram até a publicação da reportagem.
O Metrópoles ligou para a Prefeitura de Peruíbe, mas não conseguiu contato com a assessoria de imprensa na última quinta-feira (2/1). O espaço segue aberto para manifestação.
O que diz a Sabesp
A Sabesp afirma que diversos fatores influenciam a qualidade das praias, como crescimento urbano desordenado e ocupação de áreas irregulares. A companhia afirma que busca a universalização do saneamento em todos os municípios onde opera até 2029.
“No caso das regiões da Baixada Santista e do Litoral Norte, mantém o programa Onda Limpa. As cidades mais populosas da Baixada Santista — Santos, Guarujá, Praia Grande e São Vicente — possuem serviços de saneamento de alta qualidade, entre os melhores do país, como demonstram os rankings do setor nos últimos anos”, diz, em nota.
A Sabesp diz que o Programa Onda Limpa foi lançado em 2007 e vem expandindo a coleta de esgoto nas cidades litorâneas.
A Cetesb foi questionada, mas não se manifestou até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.
O que diz a Cetesb
A Cetesb afirma que monitora a balneabilidade de 175 pontos em praias situadas no litoral paulista.
“Em 2024, as praias paulistas monitoradas apresentaram melhora em relação ao ano anterior. Não foram observados picos de praias impróprias; nem em janeiro, que normalmente é um período crítico para a qualidade das praias em razão do afluxo de turistas e as chuvas intensas do verão”, afirma, em nota.
Segundo a Cetesb, a classificação anual mostra aumento da porcentagem de praias do litoral de São Paulo que permaneceram próprias, em todas as semanas do ano, passando de 25%, em 2023 para 36%, em 2024, índice superior a 2021, que atingiu 33%.
“Na Baixada Santista, conforme balanço parcial, até o início de dezembro, elas haviam subido de 15% para 21%, e no Litoral Norte, de 28% para 40%”, diz.
Segundo a companhia, o resultado foi influenciado pelos investimentos em saneamento básico nos municípios litorâneos e por um ano mais seco que o normal, com longos períodos de estiagem.
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